segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Pérolas do Cinema (#8)

Brüno – (Lerry Charles 2009)


Brüno não é uma bobagem estereotipada sobre gays. Mas também não é tudo isso que a maciça campanha de marketing está falando. Simplificando, a fórmula de Sasha Baron Cohen é a mesma da usada em Borat. Uma série de pegadinhas politicamente incorretas com câmera escondida ou simulando um programa de entrevistas real, onde o comportamento constrangedor e os comentários imorais fluem, confundindo e ofendendo gratuitamente o entrevistado. Depois, junta-se todo este material, adicionando algumas cenas com atores e constura-se uma história, deixando o espectador sem saber o que é real e o que é falso.

Nesta fórmula, com esquetes muito mais bem feitas e costuradas, os méritos são todos de Borat, deixando Brüno com cara de uma continuação, graças à repetição de alguns clichês, piadas e formatos já usados antes e que não contribuem para o ineditismo do produto final

Na história, o fashionista austríaco Bruno é demitido de seu programa de TV e, para resolver todos os seus problemas, vai até Los Angeles para se tornar uma celebridade. Chegando lá, se mete em muitas confusões graças à sua visão de mundo e de valores distorcida pela indústria da moda e do star system.

Talvez se a história seguria melhor. Quem viu o Programa de Cohen na TV sabe do que estou falando. O quadro de Brüno é muito melhor que o quadro de Borat, o que não se verifica na transposição pro cinema.

Metade das pegadinhas soam bobas e repetitivas, a impressão que dá é que tudo poderia ser mais engraçado e melhor aproveitado. Justiça seja feita, existem também cenas muito boas como a do programa de auditório e a do focus group do piloto do novo programa independente do apresentador

Já que perdemos o elemento “novo”, o que fica de válido e consistente é a crítica ácida ao mundo da moda e das celebridades. Cohen denuncia a inversão de valores, a arrogância, e o pragmatismo nesse universo. A obsessão de Bruno em virar uma celeb e os meios que ele utiliza para atingir este fim se tornam assustadoramente desconfortáveis quando você se lembra que existem realmente pessoas capazes de tudo para ficarem famosas.

Além disso, ao contrário do que lemos por aí, o filme não é uma crítica ao mundo gay, mas uma exposição em praça pública da homofobia latente americana, assim como Borat expunha a xenofobia no país da liberdade.

Com a fórmula um tanto desgastada, espero que Sasha não invente agora fazer um filme do Ali-G que é o mais sem-graça de seus personagens. (Update: já fizeram, foi o primeiro e o mais fraco)

Cena para lembrar: Espere até o final do filme. O clip gravado por Bruno e seus amigos no fim da história vale toda a experiência.

Cena para esquecer: O pirucóptero do Bruno. É para traumatizar. Felizmente a versão que chega ao Brasil não possui essa cena, cortada na edição final. Update: recebemos a informação de que a cena está lá. Prepare-se.

Cotação PPP: O recém nascido não quer ser trocado por um Ipod. Por um Iphone tem negócio.

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2 comentários:

  1. cortaram o pirucóptero? porra, disparada a cena mais engraçada do filme! o ali g já ganhou um filme. foi o primeiro. realmente o pior dos 3. mas vale a pena dar 1 sacada. na cavídeo tem. abs

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  2. RESPONDENDO
    É verdade Wella, no fundo da minha memória eu lembro de ter visto algo parecido com um filme do Ali-G. Vou fazer um update. Valeu!

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