quarta-feira, 17 de junho de 2009

O Samba do Morto: Cai o diploma de jornalista.

“A culpa é desse ladrão, dessa vagabunda, desse retardado e desse jornalista”



Novela Fogo no Rabo - TV Pirata



Então, acabaram com a obrigatoriedade do diploma de jornalismo. Grande coisa. Quem, como eu, tem o diploma, sabe que na prática ele não vale muita coisa. Eu por exemplo, o uso como jogo americano aqui em casa.



Pessoas sem formação, indicadas e apadrinhadas sempre ocuparam lugares nas redações, isso sempre aconteceu. Fora os estagiários que ralam pra caramba e não podem nem ao menos assinar sua matéria. Agora, pelo menos as regras ficaram claras.



E como fica a formação do aluno? Quem vai ensinar ética aos jornalistas que não passaram pelas faculdades?



Eu respondo. Em minha faculdade de jornalismo, considerada uma das melhores do país, eu só aprendi a puxar o saco dos professores para ganhar bolsas. Aliás, não aprendi muito bem, visto a quantidade de bolsas que eu consegui durante meu período de estudante.



Sempre digo pros meus alunos que não é o diploma nem as notas que fazem um bom profissional, e sim o que ele constrói para seu currículo durante o período acadêmico. O que é ensinado nas salas é a forma, o conteúdo vem de nós mesmos. Da nossa história, das conexões reais e simbólicas que conseguimos fazer.



Neste caso todo fica a dúvida sobre o que acontecerá com as faculdades de jornalismo, provavelmente as mais afetadas com essa nova lei, o que explica também a preocupação maior com essa notícia dos estudantes e não dos profissionais. Provavelmente deve refletir em uma menor (ainda) quantidade de investimento no curso e uma debandada dos alunos, como aconteceu com o curso de turismo, anos atrás. Por outro lado é claro que numa entrevista de emprego em ambiente normal, um candidato com diploma de jornalista tem (praticamente, não teoricamente) mais chances que um candidato leigo.



O STF justifica a decisão apontando que, a obrigação do diploma vem da época do regime militar, que queria impedir que os intelectuais escrevessem para os meios de comunicação. Hoje em dia isso é ridículo, qualquer intelectual meia boca tem o espaço que quiser nos jornais, seja como convidado ou articulista. Se você colocar a crescente força das novas mídias então, nem se fala. A verdade é que os meios de comunicação de massa estão acabando e essa decisão é mais um reflexo desta tendência.



Os profissionais de jornalismo que conheço estão tranqüilos. Eles estão se lixando para essa nova resolução(repito, que na prática já existia) e os maus profissionais, que já trabalham por indicação e que já não tem o diploma estão se lixando mais ainda.



No fim, fica a lição: amigo bacharelete de jornalismo. Não é o diploma que vai te levar ao mercado, é sua própria formação cultural e humana. Além do seu network, obviamente, o mundo não é tão justo assim. Se fosse não existiriam jornalistas, não é mesmo?.



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