terça-feira, 16 de junho de 2009

Estados Unidos, Irã e Brasil. Violência e democracia.

Após a onda de violência que se seguiu ao resultado das eleições iranianas, que decidiram pela reeleição do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, muito se falou sobre liberdade de expressão, democracia, etc... Muito já foi falado da importância deste direito de protestar, mas quero colocar aqui um argumento que pode ser polêmico. Não é curioso que estes protestos só acontecem nos países onde isso é proibido?

Um estado que usa métodos repressivos gera uma sociedade mais politizada, ou uma sociedade mais politizada é que gera estes métodos de coação?

A questão principal aqui é: porque você pode abrir um cartaz contra o governo em frente à Casa Branca, mas não pode fazê-lo no Irã ou na China, por exemplo? Simples. Porque os americanos “don't give a shit” pro seu protesto. Eles sabem que o povo americano está estufado demais de televisão e hambúrguer pra sair de sua cadeira e protestar contra alguma coisa. Nos países desenvolvidos, qualquer forma de protesto é tratada com desdém e deboche por governos e imprensa. O que aconteceu depois das denúncias de fraude da primeira eleição de G. W. Bush? Nada. É a velha máxima de que só queremos fazer o que nos é proibido, depois da permissão nos desinteressamos imediatamente pela coisa.

Temos que lembrar que na década de sessenta, por exemplo, protestos pelos direitos civis foram duramente repreendidos nos EUA e nem vamos falar do Brasil, porque todos sabem que aqui a situação não era das melhores também.

O que aconteceu? Por que nós e os americanos perdemos a capacidade de nos revoltar? Porque somos civilizados? Porque somos desenvolvidos? Porque somos uma democracia madura? Os países totalitários só usam a força porque se não fizerem isso, acabam depostos, ou coisa pior. Os países desenvolvidos tem métodos de coação, não da ação, mas do pensamento, o que é muito mais violento que um cassetete. É a violência simbólica. A violência da mente.

Então, estaríamos nós atordoados demais com o banquete da liberdade e do consumo para nos revoltarmos contra qualquer coisa?

Quando o Irã, e outros países perceberem que a democracia e o consumo são a melhor maneira de quebrar o sentimento coletivo e substituí-lo por um individualismo pragmático, aí sim seremos finalmente um só povo. Gordo, consumista, alienado e livre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário