segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Top 10 - Porque o formatinho era bem melhor.


Algum leitor pode não saber, mas até meados dos anos 90 existia o famoso formatinho. Enquando as revistas em quadrinhos gringas tinham o formato “americano”(17,0 x 57,0) as nossas continuavam no formato gibi, (cerca de 13.50 x 21.0cm) ainda usado pelas revistas da Disney e Turma da Mônica, por exemplo. Mas este formato odiado pela grande maioria dos meus colegas na época que sonhavam com o megalômano estilo americano, que só era encontrado por aqui em séries especiais e grafic Novels, e as revistas preto-e-branco do Conan. Porém, pra mim o formatinho tinha suas vantagens. É justamente isso que tentarei provar com 10 motivos porque o formato pequeno era melhor que o grande.

1- Mais histórias: No formatinho você encontrava 3 ou 4 revistas gringas, Em Homem Aranha, por exemplo, você encontrava histórias do Homem de Ferro; em Hulk tinham os Novos Mutantes e por aí vai. Por um preço inferior você tinha muito mais conteúdo, além de ser convidado a conhecer outras estrelas das editoras.

2- Tamanho funcional. As revistinhas antigas tinham a vantagem de serem pequenas, fáceis de guardar e caberem em qualquer lugar,Mais fáceis de catalogar na coleção.

3- Formato discreto. As revistinhas eram pequenas e podiam ser traficadas mais facilmente na mochila da escola, clandestinas no meio dos cadernos ou no bolso da jaqueta. Ainda tinham outra vantagem. Cabiam perfeitamente dentro dos livros de matemática, dando a impressão que você estava mesmo compenetrado nos estudos.

4- Instituto Universal Brasileiro. Quem não viu esta época não sabe como eram divertidas as histórias em quadrinhos desenhadas ou em fotonovela, que contavam histórias de pessoas desempregadas que resolviam as suas vidas aprendendo eletrônica, fotografia, desenho ou violão. Eram os cursos à distância do IUB, que vinham anexadas na página central de 10 entre 10 gibis.


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5- Cores bizarras. Nesse mundo de controle de qualidade hospitalar, ilustrações cheias de efeitos de computador e colorização digital acabamos perdendo a divertidíssima experiência de quadros todos monocromáticos ou do colorista confundir o Fera com o Wolverine e pintar o canadense de azul.

6- Mais histórias, menos espetáculo. As histórias em formatinho te fazem concentrar mais na trama e em menos nos detalhes, raramente você via uma ilustração gigante de página dupla, ocupando 10% da revista, como tanto se viu após a chegada do formatão.


7- Viabilidade. O formatinho teve vida lona, eram 50 páginas impressas em papel jornal, que amarelava com o tempo e custavam muito barato, cerca de 2,50 em média. Isso garantiu décadas de rentabilidade. Já o formatão não consegue se sustentar, várias revistas já foram lançadas por diferentes editoras e sempre acabam sendo canceladas.


8- Abrasileiramento. As adaptações das histórias em quadrinhos para o Brasil eras hilárias, além de ter sempre um capanga chamado Jotapê (tradutor e editor mais atuante nesta fase). Era uma mutilação sem dó do original. Já vi inclusive quadrinhos inteiros serem redesenhados para se situar na redação da abril, com participação dos funcionários do estúdio nessa ocasião. Chegavam ao absurdo de limar personagens das histórias para adaptá-los na marra à cronologia, como foi o caso de Guerras Secretas.

Como era- Como ficou

9- Preços em código. Essa é tragicômica, mas precisa ser citada. Já pensou você indo comprar uma revista que custa C45? É que numa época com inflação galopante nos anos 80/90, não era jogo imprimir o preço nos quadrinhos, já que eles aumentariam de preço de um dia pro outro. O resultado era uma tabela de preços, sempre corrigida que arrepiava os cabelos da garotada que corria como nunca pras bancas antes que o preço das revistas aumentassem.

10- Flashback tampão. O formatinho tinha tantas páginas que às vezes faltavam histórias pra colocar nelas. Então vinham os flashbacks reedição de histórias antigas em quadrinhos novos. Era maravilhoso nas portas dos anos 90 ler histórias do Luke Cage na década de 70, descendo o cacete em uma gangue sobre patins usando moda de discoteca.



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3 comentários:

  1. O que acabava com o formatinho (e que tu comentou no item 8) eram as mutilacoes nas historias. Eu prefiro pagar mais caro para ter algo mais proximo da edicao original do que ter algo assim editado (como Guerras Secretas sem a Vampira).

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  2. Excelente! Eu não peguei todas as benesses do formatinho, lembro vagamente de algumas coisas. Por exemplo, lembro dos códigos de preço, mas na época, eu estava mais interessado na turma da Mônica que nos heróis...

    Mas eu aproveitei bastante, porque o formato teve uma longevidade incrível. Eu devo ter lido uns bons oito anos de homem-aranha e a teia do aranha.

    Pra mim, o que pegou foi coincidir o fim do formatinho e uma dessas mil tentativas de reformular os personagens. Tia May ressuscitando, Mary Jane explodindo, Prof. Xavier desmantelando os X-men pela qüiquagésima vez, Thor com um novo mortal... No fim, eu curtia só as estórias do Demolidor, e ficava muito caro pagar quase dez reais pra ler meio dúzia de páginas interessantes e ter que aguentar o resto.

    Então tem uma coisa no top 10 que é muito verdade: o formatinho me tornou um leitor que exigia boas tramas, e as do final dos 90, começo dos 2000, eram insuportáveis para mim.

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  3. bom, as "mancadas" dos coloristas persistem até hoje. mas o formatinho é, de fato, a melhor coisa.

    e definir como megalômano o desejo pelo "formato americano" é perfeito.

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