segunda-feira, 1 de março de 2010

Paradise Circus


Hoje teremos mais um articulista convidado, divirtam-se:

Massive Attack é uma das melhores coisas que surgiram na música dos anos 90. Junto com Portishead e Tricky formaram a tríade do que ficou conhecido como trip hop. Se você não sabe o que é, procure informação no Google. Busque também por “Bristol Scene”. A questão é a seguinte: após 6 anos de hiato o Massive Attack lançou um disco novo em 6 de fevereiro. Como é comum nos dia de hoje,vazou na rede e eu estou ouvindo direto. Em minha opinião, este Heligoland é o melhor disco deles. Mas a questão não é essa. Isso não é uma crítica de música pop.

Quero falar de comunicação. E de pornografia. O Massive Attack voltou chamando atenção para o vídeo de Paradise Circus, primeira música de trabalho. O vídeo recupera imagens de um clássico dos primórdios do pornô hardcore – “The Devil in Miss Jones (1973)”. Esse filme (sim, na época era filme e não vídeo) foi o primeiro pornô a ultrapassar a marca dos 50 milhões de dólares em arrecadação de bilheteria. Junto com Garganta Profunda (Deep Throat, 1972) e Atrás da Porta Verde (Behind the Green Door, 1973) formou a tríade de clássicos embrionários da pornografia nas telonas. Clássicos. Geraram grandes discussões nas então borbulhantes academias de comunicação das universidades americanas. Eu mesmo guardo umas 3 ou 4 cópias de livros da década de setenta, garimpados nas bibliotecas da Unicamp e da UFRJ, que tentavam entender aquele novo fenômeno de comunicação de massa que eram as películas de pornô hardcore.

Em fóruns de discussão pela internet a questão é se o novo vídeo do Massive Attack é pornô ou é cultura. Ora, antes de mais nada, pornografia é cultura. Mas o vídeo não só usa as imagens de um cult pornô. Ele insere depoimentos da atriz principal do filme, Georgina Spelvin, 36 anos após o lançamento da película. Georgina já não era uma garotinha quando participou da produção (ela é de 1936, logo, tinha 37 anos) e isso fazia parte das exigências do enredo (saiba mais sobre o filme buscando informações na Wikipedia). Em 2009, é no mínimo curioso ver uma senhora de 73 anos refletir sobre aquele momento. Obviamente, quem não entende razoavelmente o inglês vai passar batido por seus comentários. Mas o vídeo de Paradise Circus, definitivamente, não é algo a se desprezar.

Por Gibran Rocha



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